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Crônicas de Evandro Duarte

~ Textos sobre o universo ao meu redor.

Crônicas de Evandro Duarte

Arquivos da Tag: Humano

Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles

15 quinta-feira ago 2019

Posted by Evandro Duarte in Filmes

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Cidade de Deus, Deus, Divino, Fernando Meirelles, Humano, José Padilha, Pós-Modernismo, Religião, Tropa de Elite


Tão humanos quanto divinos somos todos nós, pois que a divindade nasce do homem e o homem se faz pelo sopro d’Ela. O filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, ampara-se nesta perspectiva religiosa-realista que tenta explicar vagamente a fragilidade do caráter pessoal. Grosso modo, a religião implica na aprovação do que as pessoas fazem de si mesmas. Atos medidos entre oportunidades e circunstâncias. Porque também estão todos conectados, os moradores da localidade carioca já não têm por onde. Tementes a deus, à polícia corrupta, aos traficantes… certo e errado não lhes permitem fronteiras identificáveis. Sincretismo e inversão de valores acompanham a estagnação social. O exagero ganha contornos toleráveis. O humano passa a ser divino quando a única coisa que lhe importa é o poder. Não é por outro objetivo que acontece a escalada da humanidade. Se Cidade de Deus parece muito mais cru que sua contra-metade Tropa de Elite (2007), dirigido José Padilha, talvez seja em função desta perspectiva que se desconstrói sob o manto da realidade. As relações pós-modernas são regurgitadas para que novas ameaças assumam o lugar das vencidas. Lado a lado, o sagrado e o profano delimitam nossa interpretação claudicante do presente.

cidadeus

Planetinha outrora azul

26 segunda-feira nov 2018

Posted by Tiago Masutti in Colaborações

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aids, bebê, capela sistina, Evolução, foucault, Futuro, Humanidade, Humano, melhoramento genético, Natureza, Philip K. Dick, pobres, redes sociais, ricos, you tube


Podemos modificar seu bebê por um preço justo. Talvez essa frase pudesse ser o título de um conto de Philip K. Dick, um dos maiores escritores de Ficção Científica do séc. XX. Mas a realidade é que a manipulação genética já está batendo à nossa porta. Sem alarde, um suposto cientista chinês acaba modificar, em laboratório, os genes de duas garotas gêmeas. Elas nasceram há poucas semanas, em perfeito estado de saúde, após terem sido concebidas através de inseminação artificial.

O anúncio, muito apropriado para os nossos tempos, foi feito através da plataforma de vídeos You Tube. Dizem que os bebês são imunes ao vírus da Aids. Não há confirmação da notícia pela comunidade científica internacional. Não foram escritos artigos para revisão por pares. Ainda não sabemos se a história irá se confirmar. Mas não importa. De acordo com Foucault, são as próprias relações de poder que legitimam o conhecimento.

E, hoje, todo o poder às redes sociais!

O que esperar do futuro que se está configurando, nas entrelinhas, debaixo de nossos olhos, sem notas de rodapé, sem gemidos, sem cara de nojo? Tal qual comida enlatada, tal qual nossas preferências políticas ou nossas séries favoritas, agora o próprio ser humano pode ser objeto de manipulação. Não apenas sua mente, mas todo o seu ser, todo o seu aparato orgânico. Seu algoritmo interno, escrito através de bilhões de anos de feedbacks positivos e negativos da natureza, agora pode ser reescrito. Não por mãos divinas.

Mãos de barro.

Agora, em vez da mão de Deus procurar tocar os dedos humanos – como bem representado no teto da Capela Sistina – é a mão dos homens e das mulheres que puxa a mão oferecida por Deus com toda a força, em atitude de desespero, derrubando o Senhor com a cara no chão. Jeová levanta-se com a face e as vestes brancas sujas de lama.

João de Barro.

Tal qual um passarinho, de levinho. Construindo uma casa para seus filhotes. Tentando se proteger da chuva e das intempéries. O filhote do João de Barro, dos desenhos do Pica Pau, do humano cara de pau, é agora um bichinho forte, resistente à doenças mais variadas. Em breve, poderemos ir ao site da Amazon e encomendar componentes separados; um Baby Kit para montar em casa: olhos, boca, nariz, cérebro, pernas. E até orgão sexual! Quem gritar mais, leva. Ou melhor, quem pagar mais, leva mais.

K. Dick previu isso, de alguma forma, em várias obras. Mas lembro de uma em particular, Os Três Estigmas de Palmer Eldritch. Neste livro, algumas pessoas se submetem a um melhoramento genético, chamado Terapia E, no qual o cérebro – especialmente o lóbulo frontal – cresce de forma acima do normal, entregando ao seu portador muito mais inteligência que o comum. Esses consumidores do amanhã são chamados de Cabeças de Bolha.

Poderiam também ser denominados de Homens de Lata.
Caras de Lata.
Humanidade insensível. Humanidade invisível.

O que resta de humano em nós hoje? O que sobrará de verdadeiro na realidade daqui a 100 anos? Não é feitiçaria, é tecnologia. Muito em breve, humanos dotados de melhoramento genético avançado poderão adquirir uma vantagem competitiva avassaladora sobre as pessoas pobres. Os ricos, é claro, serão os primeiros a fazer esse tipo de tratamento, seja para embelezar ou turbinar seus filhos, seja para derrubar seus competidores no mercado de ações. A farinha é pouca? Meu feijão primeiro.

Darwin demonstrou que o mecanismo básico da evolução na natureza é a competição por recursos e a sobrevivência. Os mais adaptados ao meio ambiente podem deixar a miséria de seu legado à posteridade. Eu? Nada tenho, nada deixarei. Mas será que os ricos vão querer ter filhos? A tendência nos gráficos demonstra que as pessoas mais abonadas têm mais coisas a fazer da vida que os proletários. Estes, coitados! Só possuem a própria prole para deixar como herança ao planeta Terra.

Para os pobres, uma herança feita de sangue, suor e lágrimas. Sem manipulação barata. Para os 99% que gemem e fazem cara de nojo, aquele 1% do andar de cima sorri com desdém e mostra aquela cara linguaruda de Albert Einstein, em sua mais famosa fotografia. Os ricos, como borboletas, poderão sair do casulo e voar para longe desse planetinha outrora azul. Por aqui, voltaremos a ser o bom e velho planeta dos macacos.

Uma banana pra vocês!

sistina

> Esta postagem foi uma colaboração do escritor Tiago Masutti. Para conferir outros conteúdos deste autor, confira seu blog ou siga-o no  Wattpad, Instagram, LinkedIn e Facebook!

Constituição Federal de 1988, de Todos os Brasileiros

28 domingo out 2018

Posted by Evandro Duarte in Livros, Pensamentos Imperfeitos

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Amor, Brasil, COnstituição, Cultura, Humanidade, Humano, Liberdade, Livros, Política, Povo, Ser Humano, Vida


Desde crianças que somos/fomos, dizem-nos para separar a política das outras esferas da vida comum. “Não misturem com futebol, com religião, com nada que cause algum incômodo”. Dizem-nos ainda para não discutir política. “Não perca amizades, parentes ou amores”. São ditos que se repetem ao longo de gerações justamente para nos ausentar de um debate que integra todos os dias de nossas vidas. A política, como a cultura, o afeto e outras incontáveis formas de socialização, tem a ver com tudo que diz respeito a nossa forma de ser humano. Querer afastá-la do nosso convívio é tão inútil quanto esperar que alguém deixe de sentir por vontade própria. Os que gostamos da boa política (aquela sem vícios de dominação) e dos grandes livros temos de aumentar nossa intimidade para com um dos textos mais importantes que nos diz respeito. A Constituição Federal de 1988 é o resultado de muitas vontades somadas; exemplo dos mais relevantes quando da inclusão social e da preservação da dignidade dos brasileiros. Desde a Constituição dos Estados Unidos (1787-1789), passando pela Constituição francesa de 1781 (que incorporou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão), os direitos e deveres de cada um de nós se ampliam para nos lembrar do quanto somos brilhantes como espécie, mas também seres finitos. Carecemos de um entendimento maior, possibilidade que, ao que tudo indica, jamais virá a ser. Ainda assim, há beleza no mistério. O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição de 1988 determina: “Todo o poder emana do povo”. A frase é simples, direta e, até mesmo, nada poética. Mas coloca uma responsabilidade sobre nossos ombros do tamanho da história. E nos lembra de que a política está para todos nós como o amor está para o poeta: é impossível terminar esta relação!

consti

> Siga também o Instagram: www.instagram.com/cronicasdoevandro

Nossas referências

10 quinta-feira dez 2015

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Existência, Humanidade, Humano, Nós, Respeito, Universo


Você e eu estamos ligados desde antes da existência. Não é só pela química de nossos elementos e tampouco pelo líquido vermelho que corre em direção ao nosso peito. Somos a mesma variação de uma espécie em permanente expansão. Uns são mais loucos; outros menos engraçados. Nenhum de nós precisa ser triste porque é, em si mesmo, uma conquista histórica da evolução. Incompletos por vocação.

Não estamos sozinhos nessa parte que nos cabe deste latifúndio. Encontramo-nos em erros, acertos e outras adivinhações quase tão infantis quanto o princípio de tudo. Um único voto que compartilhamos ainda está sem apuração, pois o consenso é um objetivo distante e tortuoso.

Eu e você não gostamos de traidores porque queremos confiar, ainda que as explicações gerem mais dúvidas do que consensos. Congregamos essa esperança alheia que nos mantêm tão próximos quanto a física permite. Indivíduos que somos, não vivemos sem os outros. Precisamos aprimorar nossa comunicação independente do telefone estar quebrado.

Nalgum momento de fraqueza, talvez um de nós acredite ser ligeiramente distinto, com uma vocação especial para alegar verdades únicas. Mas quando respiramos fundo, no cantinho da sala, sossegados, a luz acende. Para alguns, é uma revelação. Já para outros, dura apenas milésimos de segundo. Você sabe tanto quanto eu que só buscamos uma interpretação que nos permita superar a noção trivial do universo e de tudo o mais. Essas algumas incertezas acariciam nosso coração que bate em uníssono.

Você e eu nunca seremos bastante, ainda mais quando padecemos das mesmas doenças e virtudes. Tossimos e sorrimos praticamente da mesma maneira. Há um certo estilo que subexiste em nossas memórias afetivas. Você me entende nas horas mais estranhas. Somos estranhos, mas eu retribuo tuas gentilezas igualmente.

Em determinadas situações, querem nos colocar num conflito sem razões. E cem razões encontramos já na largada para deixar estar e partir para o abraço. Os sentimentos partidos não combinam com esse respeito inequívoco que cultivamos ao longo de milhares de anos. Tua eternidade me pertence como a minha a ti. Esses golpes do destino só ilustram causas perdidas e sem qualquer validade.

Eu e você estaremos juntos, apesar do mundo. Enquanto estivermos indisponíveis, descobriremos uma brecha nessas regras ultrapassadas. Eis a constância da tradição e da inovação num único aperto de mãos. Para os dias bons e os não tão bons assim, fizemos um voto que há de ser cumprido. Somos a carne presente e o sonho futuro. Não nos escapamos de um encontro derradeiro cheio de som e fúria.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 10/12/2015.

Laços

27 quinta-feira ago 2009

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Cartas, Computador, Conto, Humano, Laços, Literatura


Laços são sempre laços, ainda que sejam tensos, ainda que sejam tênues. Melhor seria se pensar fosse circunstância ocasional, vento que passa sem deixar frio. Pensando, caiu no esquecimento das horas, sentado à mesa do computador. Lembrou-se das cartas trocadas em outros tempos, quando passavam os dias distantemente juntos, inseparavelmente distantes, como se fosse possível colocar dois pontos em duas extremidades de um papel e dobrá-lo, unindo-os sem a necessidade de riscar uma linha reta.

Vivendo em lugares afastados, o que foi para um não foi para o outro – e vice-versa. Há tempos se correspondiam e, por isso mesmo, imaginavam como teria sido se a distância fosse menor. Quando ouviram a voz do outro pela primeira vez, baixou-lhes uma sensação de felicidade momentânea, coisa que passa, mas que também fica, onda que se ergue no mar e inspira canções, ideia de viver uma imersão no agora. Querem mesmo acreditar que os sentimentos construídos ao longe sejam reais um pelo outro: que exista consideração, demonstrações de carinho, insistência da amizade.

E aquele jeito poético que utilizavam para escrever encantava e transformava a dureza em delicadeza. Pela distância, a amizade continua sendo o viés mais possível de viver esse encantamento. Mesmo com todas as imperfeições e inconstâncias tão comuns nesses tempos, poderiam facilmente se apaixonar. Se não dividiam o dia-a-dia, ainda assim se influenciavam mutuamente, como um simbionte psicológico, formando opiniões, desfazendo hábitos, revelando-se mais ou menos obtuso/complicado/humano.

Quando se encontraram, o sonho se fez presente para nunca mais. Ainda trocam cartas, mas não como dantes. Já não são mais os jovens que eram; dois seres que viam no impulso a grande diversão das coisas. E talvez nada disso tivesse que ter acontecido se um não respondesse a carta do outro. Seja como for, palavras escritas com ou sem entrelinhas, um detalhe ainda permanece vivo: a amizade. Porque são amizades que também fazem valer os dias desse mundo louco em que vivemos.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 27/08/2009.

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Perfil

Jornalista. Escritor. Leitor. Espectador. Algumas passagens da minha trajetória: Em 1998, fui Diretor de Imprensa do grêmio estudantil da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (Florianópolis/SC). Entre 2001 e 2005, editei o fanzine JornalSIN na UNISUL (Palhoça/SC). No mesmo período, editei a seção de Literatura do portal cultural www.sarcastico.com.br (Florianópolis/SC). Realizei a cobertura crítica do Fórum Social Mundial (em Porto Alegre/RS) nos anos de 2002, 2003, 2005 e 2010 para o site www.sarcastico.com.br. Em 2002, atuei como cronista de cinema e editor de Cultura do Jornal Mercosul (Florianópolis/SC). Em 2004, publiquei o livro "Caderno Amarelo de Poesias". Entre 2005 e 2006, atuei na área se assessoria de imprensa na Exato Segundo Produções – tendo como clientes a Banda Os Chefes, o Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis, Catavídeo – Mostra de Vídeos Catarinenses, além de diversas produções audiovisuais. Em 2008, fui um dos vencedores do 6º Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sinergia - com a poesia "Nova Iorque em Vermelho". Em 2011, fui um dos vencedores do 7º Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sinergia - com a poesia "Soldado sem sentido" e com o conto "Velhos corações imaturos". Entre 2013 e 2015, fui editor-chefe do Jornal Independente (Biguaçu/SC). De 30/04/2009 a 10/08/2017, fui cronista semanal do jornal Notícias do Dia (Florianópolis/SC). Desde 2016, sou um dos fundadores e cronistas do site www.centopeia.info. Escrevo constantemente para meu blog www.cronicasdoevandro.wordpress.com e atualizo o perfil do instagram @cronicasdoevandro.

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