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Crônicas de Evandro Duarte

~ Textos sobre o universo ao meu redor.

Crônicas de Evandro Duarte

Arquivos da Tag: Natureza

Planetinha outrora azul

26 segunda-feira nov 2018

Posted by Tiago Masutti in Colaborações

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Tags

aids, bebê, capela sistina, Evolução, foucault, Futuro, Humanidade, Humano, melhoramento genético, Natureza, Philip K. Dick, pobres, redes sociais, ricos, you tube


Podemos modificar seu bebê por um preço justo. Talvez essa frase pudesse ser o título de um conto de Philip K. Dick, um dos maiores escritores de Ficção Científica do séc. XX. Mas a realidade é que a manipulação genética já está batendo à nossa porta. Sem alarde, um suposto cientista chinês acaba modificar, em laboratório, os genes de duas garotas gêmeas. Elas nasceram há poucas semanas, em perfeito estado de saúde, após terem sido concebidas através de inseminação artificial.

O anúncio, muito apropriado para os nossos tempos, foi feito através da plataforma de vídeos You Tube. Dizem que os bebês são imunes ao vírus da Aids. Não há confirmação da notícia pela comunidade científica internacional. Não foram escritos artigos para revisão por pares. Ainda não sabemos se a história irá se confirmar. Mas não importa. De acordo com Foucault, são as próprias relações de poder que legitimam o conhecimento.

E, hoje, todo o poder às redes sociais!

O que esperar do futuro que se está configurando, nas entrelinhas, debaixo de nossos olhos, sem notas de rodapé, sem gemidos, sem cara de nojo? Tal qual comida enlatada, tal qual nossas preferências políticas ou nossas séries favoritas, agora o próprio ser humano pode ser objeto de manipulação. Não apenas sua mente, mas todo o seu ser, todo o seu aparato orgânico. Seu algoritmo interno, escrito através de bilhões de anos de feedbacks positivos e negativos da natureza, agora pode ser reescrito. Não por mãos divinas.

Mãos de barro.

Agora, em vez da mão de Deus procurar tocar os dedos humanos – como bem representado no teto da Capela Sistina – é a mão dos homens e das mulheres que puxa a mão oferecida por Deus com toda a força, em atitude de desespero, derrubando o Senhor com a cara no chão. Jeová levanta-se com a face e as vestes brancas sujas de lama.

João de Barro.

Tal qual um passarinho, de levinho. Construindo uma casa para seus filhotes. Tentando se proteger da chuva e das intempéries. O filhote do João de Barro, dos desenhos do Pica Pau, do humano cara de pau, é agora um bichinho forte, resistente à doenças mais variadas. Em breve, poderemos ir ao site da Amazon e encomendar componentes separados; um Baby Kit para montar em casa: olhos, boca, nariz, cérebro, pernas. E até orgão sexual! Quem gritar mais, leva. Ou melhor, quem pagar mais, leva mais.

K. Dick previu isso, de alguma forma, em várias obras. Mas lembro de uma em particular, Os Três Estigmas de Palmer Eldritch. Neste livro, algumas pessoas se submetem a um melhoramento genético, chamado Terapia E, no qual o cérebro – especialmente o lóbulo frontal – cresce de forma acima do normal, entregando ao seu portador muito mais inteligência que o comum. Esses consumidores do amanhã são chamados de Cabeças de Bolha.

Poderiam também ser denominados de Homens de Lata.
Caras de Lata.
Humanidade insensível. Humanidade invisível.

O que resta de humano em nós hoje? O que sobrará de verdadeiro na realidade daqui a 100 anos? Não é feitiçaria, é tecnologia. Muito em breve, humanos dotados de melhoramento genético avançado poderão adquirir uma vantagem competitiva avassaladora sobre as pessoas pobres. Os ricos, é claro, serão os primeiros a fazer esse tipo de tratamento, seja para embelezar ou turbinar seus filhos, seja para derrubar seus competidores no mercado de ações. A farinha é pouca? Meu feijão primeiro.

Darwin demonstrou que o mecanismo básico da evolução na natureza é a competição por recursos e a sobrevivência. Os mais adaptados ao meio ambiente podem deixar a miséria de seu legado à posteridade. Eu? Nada tenho, nada deixarei. Mas será que os ricos vão querer ter filhos? A tendência nos gráficos demonstra que as pessoas mais abonadas têm mais coisas a fazer da vida que os proletários. Estes, coitados! Só possuem a própria prole para deixar como herança ao planeta Terra.

Para os pobres, uma herança feita de sangue, suor e lágrimas. Sem manipulação barata. Para os 99% que gemem e fazem cara de nojo, aquele 1% do andar de cima sorri com desdém e mostra aquela cara linguaruda de Albert Einstein, em sua mais famosa fotografia. Os ricos, como borboletas, poderão sair do casulo e voar para longe desse planetinha outrora azul. Por aqui, voltaremos a ser o bom e velho planeta dos macacos.

Uma banana pra vocês!

sistina

> Esta postagem foi uma colaboração do escritor Tiago Masutti. Para conferir outros conteúdos deste autor, confira seu blog Ficção Paranoica ou siga-o no Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn.

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Balanço contagiante

03 quarta-feira jan 2018

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Chorinho, Cosmos, Criação, Humanidade, Música, Natureza, Som


Para além de uma linha reta, o caminho mais curto entre duas pessoas pode ser a música. Como quando estou escrevendo esta crônica e, ali no lado (ou seria aqui mesmo?), um rock me embala, cadenciando meu pensamento. Nem é necessário qualquer palco; a sinestesia acontece ao acaso, entre uma e outra batida, remexendo o cérebro para valer… ainda que a cintura não saia do lugar. Porque surge com tamanha espontaneidade, talvez a música seja de fato a primeira forma de arte – e de expressão! A natureza, antes de nós seres musicais que somos, sempre foi repleta de ritmo. Da explosão cósmica ao movimento sistólico da chuva nos veios e veias da Terra. Cúmplices desde a origem primeira, som e música se confundem, qual o bebê que começa a falar em prosa poética. Eis a cor do som que deixa tudo ainda mais quente e pulsante, mesmo no vácuo do espaço infinito ou na geleira que se desprende incentivada pelo aquecimento global. Há beleza, tristeza e felicidade em cada chorinho musicado – e nada de confundir com o outro chorinho, rico e popular gênero da música brasileira surgido no Rio de Janeiro em meados do século XIX. As variações destas proximidades sensoriais são incontáveis. E é possível que até mesmo o silêncio seja musical, como comprova um bom livro. O balanço é contagiante em qualquer direção, principalmente na sua.

Erudito e popular

16 quinta-feira mar 2017

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Beethoven, Cultura, Da Vinci, Erudição, Erudito, Hitchcock, Jobim, Machado de Assis, Monet, Natureza, Popular, Rossellini, Shakespeare


Querem-nos impor as diferenças entre o erudito e o popular na marra. Como se distinção hierárquica fizesse alguém melhor por natureza. Nada disso. Não venham com essa porque não vão ter respaldo algum. Nós aqui do lado mais ansioso e destemido pertencemos ao time dos juntos e misturados; aqueles que encontramos na própria tradição o significado da novidade.

Passamos do grunhido à música de câmara sabendo que um pertence ao outro. A música, aliás, talvez seja a primeira forma de arte porque vem do ritmo. E a natureza é a mãe de todos os ritmos: O bater do coração, a cadência da chuva, a sinfonia do vento nas frestas de uma caverna. Naturalmente, aprendemos.

Da aurora de nossa espécie até o presente momento, percorremos um caminho de conquistas e perdas, mas que esteticamente sempre pareceu qualquer coisa de circular. Retomamos o popular quando o erudito parece não ser o suficiente – e vice-versa. A cultura não se faz por negação, mas por assimilação. Damos a volta ao mundo apenas para nos encontrar em nosso cotidiano tão minúsculo quanto o espaço vazio de um abraço. Abraçamos os diferentes porque não cabemos nesta partes simultâneas chamadas mente e corpo. Somos uma unidade simbiótica, dividida em metades para lá de interessantes.

Erudito e popular também são metades complementares e nada antagônicas. Cada qual ao seu modo aprofunda os dilemas mais necessários e, igualmente, triviais. Como um casal recém apaixonado, eles fecundam ideias impossíveis numa realidade possível. A união é estável, mesmo com os mal amados lhe desejando um divórcio com divisão total de bens. Estetas? Vai saber!

Não conheço qualquer coisa que possa se proclamar estritamente erudita ou popular. Mesmo os maiores sempre foram ambos. Shakespeare, Machado de Assis, Rossellini, Hitchcock, Da Vinci, Monet, Beethoven, Jobim… e tantos outros que se tornaram mestres na simplicidade, munidos de um vasto conhecimento, um tantinho de vaidade e muita coisa de humildade. Um legado mais do que legítimo para quem tem juízo e bom coração.

Na sua próxima festa, chame o erudito e o popular. Talvez seja o único jeito de agradar todos os seus convidados, sejam eles gregos ou troianos.

> Crônica publicada no jornal Notícias do Dia em 16/03/2017.

Predicados litorâneos

03 quinta-feira mar 2016

Posted by Evandro Duarte in Florianópolis

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Átomos,, Bósons, Chuva, Ciência, Divino, Florianópolis, Litoral, Natureza, Quarks, Santa Catarina


Quem mora no litoral sabe que o calor quase sempre vem acompanhado de uma chuva passageira. É um jeito divertido de a natureza oferecer a companhia do mar, o calor tão indispensável à vida e, ao mesmo tempo, lavar tudo como quem apazigua os ânimos mais exaltados.

Para o verão, temos um incremento considerável nas chuvas, no calor e em tudo o mais porque a natureza é tão mágica quanto científica. Vide o caso desta Ilha, capital do estado e das discórdias emocionais. Esta cidade, carinhosamente apelidada por estrategistas publicitários de “ilha da magia”, é igualmente um paraíso da ciência construído a partir das mais imbricadas e complexas relações químicas. Átomos, quarks e bósons fazem valer sua presença tanto quanto as bruxas e outros seres fantásticos elencados por Franklin Cascaes. E é justo que seja assim, porque deuses e homens sempre compartilharam do mesmo universo.

Se a natureza foi divina para com a Ilha de Santa Catarina, devemos-lhe prestar algum tributo; seja numa crônica ou tomando um banho de mar antes que comece a chover. Estas homenagens, claro, dão-se cotidianamente ao longo do ano, mas acentuam-se no verão porque, então, a cidade torna-se amplamente ocupada, como se não houvesse lugar vazio ou inexplorado. Há locais, sim, subjugados à vontade de uns poucos – reservados pela separação física inerente ao capital. Mas o verão sempre foi uma estação marginal e, como tal, destinada à democracia muito mais que suas três irmãs. A chuva que cai molha o rico e o pobre deitados sobre o mesmo solo arenoso chamado praia. Uns bebem champanhe, outros cervejas populares: todos saúdam a algo muito maior e mais relevante.

Hoje, aqui no litoral, é dia de compor uma ode ao verão. Por isso, pego meu violão e sigo toda vida reto até a primeira praia que me apetece. Não estou nem aí para o trânsito lento, as buzinas mal educadas ou a fumaça dos veículos. As únicas reações químicas que me interessam passam longe da combustão que nos leva de lá para cá. Sigo contra a corrente, mas a favor da maré e dos mares. Navego sem conexões wi-fi.

Pronto, cheguei. Sinto-me mais do que preparado para traduzir em melodia esses predicados litorâneos sempre ligados a sujeitos ocultos e felizes. Enquanto o sol ponteia o horizonte, ponteio cá as cordas do violão comprado em dez prestações. Agora, a canção está pronta, mesmo que ninguém além de mim a conheça ou venha a conhecê-la. Será para sempre um mistério não resolvido disputado pela magia e pela ciência: um empate técnico sob a chuva.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 03/03/2016.

cronicafalada

Chove esta noite

05 quinta-feira nov 2015

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Big Bang, Chuva, Clima, Darwin, Natureza, Tempo


De alguma forma pouco evidente, outra grande contribuição de Darwin ao nosso entendimento das coisas foi a seguinte: não adianta ir contra a natureza. Por mais que se esforce para dominar essa diva soberana que deixa qualquer estrela de Hollywood no chinelo, o resultado é efêmero. Suspiramos.

A chuva, por exemplo, faz por merecer a fama que tem. Quando escassa, todos sentem falta de qualquer pingo para encher açudes ou reservatórios. Quando em demasia, todos reclamam de sua inconveniente obstinação ao encobrir o sol e adiar os programas ao ar livre. E nem mesmo adianta ver a chuva poeticamente, como as lágrimas de deus ou aquele excesso que vaza da banheira dos anjos desastrados. Chove esta noite, e convém apenas a conformação.

De um tempo para cá, foi muito propício colocar a culpa dos desastres naturais e mudanças climáticas no acontecimento global. E isso tem sua razão. Mas não nos enganemos quanto ao poder original da natureza. Olhemos, particularmente, para o passado da Terra. Não foi preciso nenhum ser humano poluindo os rios ou esburacando a camada de ozônio para que aqueles simpáticos gigantes monstruosos chamados dinossauros viessem a sucumbir ante o peso do ambiente. Mesmo aquele asteroide que lhes custou o início dessa derrocada foi tão natural porque previsível e surpreendente: afinal, essa vida que aí está também é poeira de estrelas.

Por outro lado, a gente racionaliza demais, mesmo em situações tão triviais quanto a chuva. Percebemo-la qual um agente transitório, porque vai e vem quando lhe dá na telha. Mas a transitoriedade é só o que existe na natureza. A reciclagem é um princípio do universo quase tão fundamental que explicaria até o Big Bang se tivéssemos uma testemunha ocular daquele acontecimento. Chove esta noite, e os poetas podem compor canções molhadas, enquanto as galáxias se reciclam. Respirem fundo.

Mas a pergunta principal ainda permanece sem resposta: O que fazer nestes dias chuvosos? Deitar-se no quarto com as cortinas fechadas enquanto os pingos marcam seu próprio ritmo na janela não é a solução universal. Bang. Para os que querem crer nestas palavras crônicas, não deixo respostas porque prefiro os questionamentos. De que adianta saber o que fazer se você não estiver inspirado em como fazer?

Chove esta noite, e ganhamos outra chance de nos colocarmos em nossos devidos lugares. Não estamos acima ou abaixo da natureza, ainda que as chuvas nos cubram e o sol nos queime. Somos outro pingo do enredo darwinista. E chovemos juntos.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 05/11/2015.

Ciência da alma

12 quinta-feira jan 2012

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Ciência, Conhecimento, Cosmos, Estrelas, Mar, Natureza, Terra, Universo


Eu acredito na ciência tanto quanto a ciência acredita em mim. Sou fã das teorias, mesmo aquelas não provadas. Quero ter o apoio de tudo aquilo que é matéria mesmo quando eu e os meus próximos voltarmos ao pó. E não darei adeus para um pensamento quando outro aparecer; eis um caminho aberto para a ciência vir completar a fé – afinal, o desconhecido está presente igualmente para o religioso e o cientista. Então, podemos supor que o cético é aquele que ainda não passou por certas experiências e nem se deixou levar por uma verdade que parece não fazer sentido. E, na maioria das vezes, não faz sentido algum.

O que se esconde na natureza, sob ou acima de nós, é a força motriz de nossa espécie. Como os outros bichos, somos curiosos, mas fomos além ao supor que poderíamos explicar um princípio tão vago quanto a existência – da vida, dos objetos, das ideias. Se nos afastássemos alguns anos luz deste nosso grande lar e olhássemos ao lado das estrelas para o planetinha azul que deveria se chamar “Mar” e não “Terra”, qualquer coisa que por ventura acontecesse debaixo dessa camada gasosa que nos protege chamada atmosfera pareceria não ter qualquer relevância no lento caminhar do cosmos. Entretanto, o que seria motivo para alguma frustração intelectual é precisamente aquilo que faz da história terrestre uma aventura tão singular.

E a consciência (espécie de ciência da alma!?) é quem orienta os passos desta marcha intra-planetária que todos os seres vivos obedecem. Porque temos alguma ciência de nosso próprio tempo também nos convém assumir a culpa pelo que o mundo se tornou. Começamos não se sabe como, fomos atrás da sobrevivência, firmamos laços de sangue, juntamo-nos em grupos, desenvolvemos sistemas de controle e, então, tornamo-nos sujeitos de nossa espécie naquilo que pode ser considerado a existência mais anti-natural que a natureza foi capaz de criar. Por tudo isso, somos responsáveis e procuramos algo que possa restabelecer o que foi perdido, religando-nos com o passado, com a criação, como sugerem as religiões.

Eu acredito na não-conformidade – aquela pulga atrás da orelha que está presente em todas as viagens dos descobrimentos, sejam estas realizadas através de naus ou caravelas, de lendas ou fatos, de computadores ou livros.

O conhecimento está para mim assim como a ciência está para a matéria. E, do Universo ao único verso do poeta, tudo pode acontecer: mundos hão de colidir, estrelas brilharão em explosões galáticas, ondas continuarão a trazer as conchas para a praia enquanto uma criança, curiosa, fará buracos na areia.

> Crônica publicada no jornal Notícias do Dia em 12/01/2012.

A dama dos céus

04 quinta-feira dez 2008

Posted by Evandro Duarte in Pensamentos Imperfeitos

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Chuva, Natureza


Ela está lá fora agora, ao mesmo tempo em que escrevo estas mal traçadas. Não que seja uma convidada a quem deixo esperando enquanto me divirto na frente da tela do computador. Muito pelo contrário. Ela sabe que seu lugar é solta, na liberdade inata de sua natureza.

Quando sozinha, esporádica, assemelha-se em suavidade às carícias de um grande amor. Onda de refrescância perene, sem hora certa de chegar ou sair. Mas quando acompanhada, principalmente daquelas companhias que não sabem o momento de ir embora, pode ser um tanto abrupta, mas nunca deixa de ser necessária como, veja só, os carinhos do mesmo eterno amor – pois todos o são.

Por estes meses idos e vividos, alguns a estão culpando pelos maus dias que têm se seguido. Ainda que não apresente modos ou face de vilã, acusam-na como a principal responsável de uma tragédia que não lhe diz respeito. Dão a sentença sem ao menos avaliar os pontos obtusos – e todos não têm o direito legal da dúvida?

Em determinadas épocas do ano, ela ainda é mais necessária. Bate-nos uma saudade de sua presença como naquela canção do Roberto na qual ele corre demais. Noutros períodos, costuma deixar muitos por aí mal humorados, feito aqueles que não conseguem assistir ao final do filme, sem saber se o casal principal terminou unido. Alguns querem-na aqui; outros acolá – mais para o Nordeste. Mas ela não faz nem pede cerimônia. Temperaturas altas ou baixas, dias quentes ou de bater queixo: podemos ou não contar com a sua presença; basta ela querer. Ela vem e vai embora como que cumprindo sua função: uma mensageira de recados doces e amargos.

Neste final de ano, ela visitou com mais freqüência algumas cidades catarinenses, principalmente aquelas do Vale, entrecortadas por rios. No meio de tanto destruição e tristeza, o lado humano de todo um país falou mais forte. Suas constantes visitas transformaram-se num alerta do nosso longo caminho de exploração. Mas não, não se trata de vingança. É apenas um lembrete de quem somos e onde estamos. Afinal, é preciso respeitar essa dama dos céus chamada chuva.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 04/12/2008.

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Perfil

Jornalista. Escritor. Leitor. Espectador. Algumas passagens da minha trajetória: Em 1998, fui Diretor de Imprensa do grêmio estudantil da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (Florianópolis/SC). Entre 2001 e 2005, editei o fanzine JornalSIN na UNISUL (Palhoça/SC). No mesmo período, editei a seção de Literatura do portal cultural www.sarcastico.com.br (Florianópolis/SC). Realizei a cobertura crítica do Fórum Social Mundial (em Porto Alegre/RS) nos anos de 2002, 2003, 2005 e 2010 para o site www.sarcastico.com.br. Em 2002, atuei como cronista de cinema e editor de Cultura do Jornal Mercosul (Florianópolis/SC). Em 2004, publiquei o livro "Caderno Amarelo de Poesias". Entre 2005 e 2006, atuei na área se assessoria de imprensa na Exato Segundo Produções – tendo como clientes a Banda Os Chefes, o Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis, Catavídeo – Mostra de Vídeos Catarinenses, além de diversas produções audiovisuais. Em 2008, fui um dos vencedores do 6º Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sinergia - com a poesia "Nova Iorque em Vermelho". Em 2011, fui um dos vencedores do 7º Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sinergia - com a poesia "Soldado sem sentido" e com o conto "Velhos corações imaturos". Entre 2013 e 2015, fui editor-chefe do Jornal Independente (Biguaçu/SC). De 30/04/2009 a 10/08/2017, fui cronista semanal do jornal Notícias do Dia (Florianópolis/SC). Desde 2016, sou um dos fundadores e cronistas do site www.centopeia.info. Escrevo constantemente para meu blog www.cronicasdoevandro.wordpress.com e atualizo o perfil do instagram @cronicasdoevandro.

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