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Crônicas de Evandro Duarte

~ Textos sobre o universo ao meu redor.

Crônicas de Evandro Duarte

Arquivos da Tag: Romeu & Julieta

Gnomeu & Julieta (2011), de Kelly Asbury

15 quinta-feira out 2020

Posted by Evandro Duarte in Filmes

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Filmes, Gnomeu & Julieta, Harold Bloom, Kelly Asbury, Romeu & Julieta, William Shakespeare


Da animação inglesa (na verdade, uma co-produção entre EUA e Reino Unido), surge o rápido e certeiro Gnomeu & Julieta (2011), de Kelly Asbury. Ainda que o diretor seja estadunidense, a produção abarca em si mesma tons do humor característicos aos britânicos. Ao contar as aventuras de anões de jardim que são vizinhos e travam batalhas devido às antigas rixas familiares (Capuletos vs Montéquios ou, no caso, Vermelhos vs Azuis), Asbury apresenta indiretamente William Shakespeare às gerações mais novas. O próprio bardo destila sua sagacidade ao ser representado por uma estátua falante em uma praça qualquer da Inglaterra. Gnomeo e Julieta são os anões de jardim das casas rivais que fazem Shakespeare parecer ainda mais divertido. Harold Bloom (1930-2019), talvez o mais influente pesquisador shakespeariano do final do século XX e início do XXI, comentou certa vez que os jovens deveriam ler obras de alta qualidade literária desde cedo, porém não aquelas muito rebuscadas, e citou Romeu & Julieta como um texto adequado. Evidentemente, faz-se necessário descontar o fato de que a obra original se desenvolve à maneira trágica, com um final ligeiramente perturbador para quem tem pouca experiência de vida. Entretanto, viver também se aprende nestas inconsistências sociais. E a rivalidade desmedida acompanha a própria narrativa humana. Ao longo de conflitos e disputas, enfrentamos o desconhecido, munidos de uma capacidade única de não enxergar a paz. O bardo provavelmente daria seu aval para esta produção que, se não é brilhante, ao menos homenageia o sentimento de sua obra mais conhecida.

gnomeu

Além dos limites do oceano (2001), de Mauricio Obregón

27 quinta-feira ago 2020

Posted by Evandro Duarte in Livros

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Além dos limites do oceano, Argonautas, Gregos, Homero, Livros, Luís de Camões, Mauricio Obregón, Oceano, Odisseia, Romeu & Julieta, William Shakespeare


Como falar de amor sem citar os astros? Como falar dos astros sem citar o amor? Quando Romeu quis, em nome da lua, jurar que amava Julieta, a jovem donzela lhe disse: “Ah, não jures pela lua! A lua é inconstante e muda a cada mês em sua órbita circular, e teu amor pareceria variável também“. Julieta sabia do que falava. Se os astros são inconstantes, por que nós também não o seríamos?

O colombiano Mauricio Obregón, no último livro que escreveu antes de se encontrar com as estrelas, Além dos limites do oceano (2002), reconta as histórias míticas dos gregos através das correntes marítimas e das fontes luminosas do espaço sideral. Segundo os escritos de Obregón, as estrelas nem sempre se encontraram na mesma posição em que as vemos. E é a partir disso que ele procura identificar onde Homero teria escrito a Odisseia.

Instiga-nos saber que os céus estão muito mais próximos de nossas vidas do que poderíamos imaginar. As noites trazem consigo a possibilidade de observar não só o brilho das estrelas, mas também o infinito do cosmos. É como se estivéssemos no meio do oceano, quando o mar se confunde com o céu num único azul. Curiosamente, nos mais de sete mares descobertos também encontramos estrelas: no reflexo das águas e as estrelas-marinhas propriamente ditas.

Guiados por correntes marítimas, tanto os argonautas (que teriam vindo da Polinésia e povoado a América) quanto os gregos navegaram rumo ao desconhecido. Não estariam eles guiados por um nobre sentimento de amor? E os astros não os teriam influenciado ainda mais que os “mares nunca de antes navegados“, qual registrara Camões? Resta-nos tão somente imaginar algumas respostas convincentes sem nunca chegar à verdade do Universo, o que de fato pouco importa quando se ama.

> Além dos limites do oceano. Escrito por Mauricio Obregón. Originalmente publicado em 2001. Edição brasileira pela Ediouro (2002).

sea wave breaks about boulders at night

Shakespeare romântico?

19 quinta-feira abr 2018

Posted by Evandro Duarte in Livros

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Literatura, Romantismo, Romeu & Julieta, Teatro, William Shakespeare


Doce é a tristeza lida nas palavras de um amor que se ausenta. Porque trágica, sentimental e libertadora, tal frase bem poderia abrir um capítulo qualquer de um livro romântico. Enquanto estilo artístico, o romantismo ocupa um determinado período na história da arte (ainda que estas fases não sejam tão claras como naquelas perguntas de vestibular). William Shakespeare poderia ter escrito frase similar em alguma de suas obras – ainda que o fizesse com muito mais talento literário. Algo assim: “Parting is such sweet sorrow, that I shall say good night till it be morrow”. / “Toda despedida é dor… tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia“. Apesar dos sentimentos românticos nos textos do bardo serem abordados com seu característico esmero, o mesmo pode ser dito a favor de outros elementos, como os filosóficos, os dramáticos, os históricos, etc… Logo, não cabe ao poeta inglês a identificação qual autor romântico como pede o figurino (aqui um jogo de palavras proposital para com o teatro e a coxia). Ao mesmo tempo, os românticos se inspiraram largamente em Shakespeare para escrever suas histórias, não restam quaisquer dúvidas! Romeu & Julieta é uma obra basilar para a criação romântica, sendo referenciada em diversos momentos nas obras de escritores, pintores e toda sorte de artistas. Além disso, os românticos são responsáveis (não isoladamente, saliente-se) por um reavivamento dos textos shakespearianos. Uma hipótese definitiva: talvez tenha sido somente a partir do romantismo que Sir William se tornou um autor clássico! Por isso, melhor ficar com as palavras dele.

romeus

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Oposições gentis

16 quinta-feira jul 2015

Posted by Evandro Duarte in Ideias Imperfeitas

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Amor, Che Guevara, Romeu & Julieta, São Judas Tadeu, Visão política


Não é preciso que um casal concorde politicamente para ter um relacionamento pacífico, carinhoso e feliz. Veja o caso de Serafim e Virgínia, casados há duas décadas, mesmo que nunca tenham votado nos mesmos candidatos. Poderia ser coincidência, mas foi proposital: eles se conheceram ainda na escola, quando concorriam ao grêmio estudantil. Serafim perdeu a disputa, mas ganhou as atenções da vitoriosa Virgínia.

“Eu era um cara mais conservador, do tipo que altera os processos com cautela. Não acredito em revoluções porque fui criado por um pai policial que desistiu de ser padre para patrulhar as ruas. Minha mãe era devota de São Judas Tadeu, mas tinha uma quedinha pelo Che Guevara. Tudo bem, meu pai nunca reclamou porque a foto do argentino ficava sempre guardada na gaveta, enquanto a do Santo ocupava uma parte grande da parede da sala. Por tudo isso, aprendi a tolerar as diferenças, até mesmo dos mais descrentes. Quando Virgínia apareceu na minha vida, estava fazendo algumas curvas perigosas e decidi ir à esquerda. E ela era de parar o sinal!”, explicou-me um empolgado Serafim enquanto limpava sua coleção de rifles de caça.

Nas vezes em que os encontrei lado a lado, percebi que as discórdias de ambos nunca passaram dos limites do bom senso. E como opinavam distintamente! Entre um gole de chá (para ele) ou de cerveja (para ela), as proposições eram praticamente respostas que contradiziam tudo aquilo que o outro explicara.

“O Serafim é muito na dele. Para mim, nem tudo é o que parece. Tenho a necessidade de estar sempre descobrindo, de pensar diferente da mesmice que está absorvendo a inteligência de muitos companheiros de luta. As verdadeiras revoluções são movidas por sentimentos de amor, acho que foi o Che quem disse isso em algum lugar. E dou graças a Deus que temos alguns poucos exemplos do passado para mostrar o quanto já erramos. Assim, não posso pensar num amor de verdade que não seja contraditório. Se eu me casasse com alguém com a mesma visão política que a minha, morreria de tédio. O Serafim me contempla e me completa. E vice-versa como versa um grande amor”, a Virgínia comentou quando eu a presenteei com um quadro do Guevara – que fica exposto com toda a pompa no escritório da ONG em que ela trabalha.

O caso de Serafim e Virgínia é o auge da gentileza. Nunca elegeram o mesmo candidato porque não precisam que os outros lhes digam como se portar. É uma história de sabedoria que teria feito toda a diferença para as famílias de Romeu & Julieta, por exemplo. E como eles têm sorte por serem tão contrários justamente onde não é importante!

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 16/07/2015.

A Ilha à noite

09 quinta-feira abr 2009

Posted by Evandro Duarte in Florianópolis

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Beira Mar Norte, Florianópolis, Gama D'Eça, Machado de Assis, Noite, Praça dos Namorados, Praça Getúlio Vargas, Praça XV de Novembro, Rio Branco, Romeu & Julieta, Travessa Ratcliff, Victor Meirelles


Tranquila como veterana a fazer prova, a Ilha à noite é um ensaio sobre o meio ambiente e o ambiente por inteiro. Luz alva, cor da lua, que céu é este que se lhe apresenta desnudo e ensaboadamente estelar, oh, Ilha de Santa Catarina?

Cervejas e versos acompanham os insones das altas horas virtuais ou daqueles adeptos a um barzinho, com ou sem violão. Esquinas já não tão baldias como naqueles tempos em que o mar banhava o centro, ainda se encontram as casas do passado que, hoje, abrigam momentos de diversão e boemia, em bares, botecos e botequins das grandes avenidas como Rio Branco, Gama D’Eça ou Beira Mar Norte, mas também das humildes ruas e travessas como João Pinto, Victor Meirelles ou a Travessa Ratcliff. Porque existe uma poesia úmida e quente sob a aparente rigidez urbana. Há que se encontrar e ser encontrado na selva de pedras; deixemos o trabalho e as obtuosidades de lado para ter com os outros, contar bobagens e desvendar, mesmo que por alguns instantes, os grandes segredos da filosofia. O legado de nossa miséria, parafraseando Machado de Assis, pode se revelar muito maior que qualquer emplastro ou coisa que o valha: na noite, vê-se o mundo com mais clareza, ciente de nossa pequenez universal e de nossa imensidão pessoal.

Àquela hora em que as portas da balada se fecham, é chegado o momento de contemplar o silêncio ser quebrado ante a presença do vento sul. Pequenos insetos e animais vadios dominam o passeio público como soberanos notívagos e noturnos. E são ligeiros como ligeira é a passagem do tempo. As praças XV de Novembro, Getúlio Vargas e Dos Namorados se transformam em pequenos feudos, nos quais o mundo fantástico se esbalda em festas acachapantes, com fadas e duendes dividindo a mesma história, sob a companhia dormente de um ou outro andarilho sem residência fixa.

Esta noite, como todas as noites, encerra seu espetáculo quando a aurora vem lhe dar bom dia, como dois vigilantes trocando de turno, como quando Julieta acorda do sono profundo e encontra seu Romeu sem romance ou vida.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 09/04/2009.

Perfil

Jornalista. Escritor. Leitor. Espectador. Algumas passagens da minha trajetória: Em 1998, fui Diretor de Imprensa do grêmio estudantil da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (Florianópolis/SC). Entre 2001 e 2005, editei o fanzine JornalSIN na UNISUL (Palhoça/SC). No mesmo período, editei a seção de Literatura do portal cultural SARCÁSTICOcomBR (Florianópolis/SC). Nos anos de 2002, 2003, 2005 e 2010, realizei a cobertura crítica do Fórum Social Mundial (em Porto Alegre/RS) para o site SARCÁSTICOcomBR. Em 2002, atuei como cronista de cinema e editor de Cultura do Jornal Mercosul (Florianópolis/SC). Em 2004, publiquei de modo independente o livro "Caderno Amarelo de Poesias". Entre 2005 e 2006, atuei na área de assessoria de imprensa na Exato Segundo Produções (Florianópolis/SC). Em 2008, fui um dos vencedores do 6º Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sinergia - com a poesia "Nova Iorque em Vermelho". Em 2011, fui um dos vencedores do 7º Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sinergia - com a poesia "Soldado sem sentido" e com o conto "Velhos corações imaturos". Em 2012, apresentei o Programa Geral e o Ponto de Encontro no canal fechado TVN (São José/SC). Entre 2013 e 2015, fui editor-chefe do Jornal Independente (Biguaçu/SC). De 30/04/2009 a 10/08/2017, escrevi crônicas semanais para o jornal Notícias do Dia (Florianópolis/SC). Desde 2016, sou um dos editores e cronistas do Centopeia Site. Também produzo e apresento programas para o canal Centopeia TV no YouTube e para o podcast Centopeia Falante no Spotify. Publico semanalmente no blog Crônicas do Evandro e atualizo ocasionalmente o perfil do Instagram @cronicasdoevandro.

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