Rádio Pirata ao vivo (1986), de RPM


Com mais de três milhões de cópias vendidas, Rádio Pirata ao vivo se tornou um dos principais discos-fenômenos do rock e da música brasileira nos anos 1980. No álbum, uma sequência inesquecível de hits gravados durante um show em São Paulo. Quem só acompanhou o rock nacional a partir do sucesso explosivo dos Mamonas Assassinas nos anos 1990 pôde ter uma vaga ideia do que o RPM causou anos antes. A música Revoluções por Minuto foi proibida de ser executada nas rádios e em locais públicos – resquícios dos anos de chumbo. Havia alguma coisa errada com o rei!

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Hidden Treasures (2011), de Amy Winehouse


Demora para acontecer. E é raro. Raro demais. ‘inda assim, aparecem talentos que não se podem explicar, mas sentir. E, muitas vezes, eles se vão cedo demais. Na música, quanto tempo leva para surgir alguém como Billie Holiday, Janis Joplin ou Amy Winehouse? Vozes que se distinguem por uma técnica particular. Vidas que se parecem pelas decisões erráticas e autodestrutivas. Contemporânea deste século XXI, Amy estourou mundialmente em 2003 como álbum Frank. Em 2011, unia-se ao grupo dos que partiram aos 27 anos, do qual já faziam parte ídolos musicais como Jimmy Hendrix (1942-1970), Janis Joplin (1943-1970), Jim Morrison (1943-1971), Ian Curtis (1956-1980) e Kurt Cobain (1967 -1994). Ainda em 2011, o álbum Hidden Treasures (2011) foi lançado postumamente, incluindo músicas compiladas de Amy Winehouse. Há canções gravadas entre 2002 e 2011, passando, então, por praticamente toda a carreira da cantora britânica. As músicas sem lançamento e demos foram escolhidas pelo DJ, produtor e compositor Mark Ronson, parceiro da cantora na regravação de Valerie. Os tesouros escondidos incluem versões da balada romântica sessentista Will You Still Love Me Tomorrow, de Garota de Ipanema (em sua versão internacional The Girl from Ipanema), do standard jazzístico Body and Soul, cantada em dueto com Tony Bennett, entre outras.

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The Concert in Central Park (1982), de Simon & Garfunkel


Faltavam poucas semanas para eu nascer quando Paul Simon e Art Garfunkel gravaram esse surpreendente show em 19/09/1981. Mesmo assim, de alguma maneira, eu lá estava – em pensamento, com o coração quase formado física e metaforicamente. E assim me juntei as mais de 500 mil pessoas presentes ao Central Park, em Nova Iorque. A década de 1980 ainda estava por se descobrir; e a dupla Simon & Garfunkel voltava a se reunir após 11 anos afastada. Tudo conspirava favoravelmente. Logo, o film de tarde e a noite do parque mais famoso do mundo receberam diversos hits da dupla de folk rock. Canções como Mrs. Robinson, Scarborough Fair e The Boxer acalentaram corações nascidos e por nascer. E, evidentemente, Bridge over Troubled Water ganhou uma de suas mais inesquecíveis interpretações por Garfunkel. Depois disso, o Central Park jamais foi mesmo; felizmente.

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Top Gun [Trilha Sonora] (1986)


Ainda acredito que a maior contribuição de Top Gun (1986), dirigido por Tony Scott, tenha sido sua trilha sonora. Num filme clichê da turbina à cabine do avião, nada como uma rivalidade entre caubóis do ar, uma disputa entre nações e um relacionamento amoroso entre Tom Cruise e Kelly McGillis. Felizmente, o namoro na força aérea americana era conduzido pela canção Take My Breath Away, da banda new wave Berlin. E se a Berlin gravou alguma coisa para além deste tema de amor ninguém nunca ficou sabendo. De fato, Take My Breath Away embalou muitas festas de jovens e adolescentes nas décadas de 1980 e 1990. Era o hino de quem ansiava por perder o fôlego ao dar o primeiro beijo. Um hit romântico que ajudou a definir a última década legítima do século XX, já que os anos 1990 têm muito mais a ver com o novo milênio do que com o período que lhe antecedeu. A trilha sonora ainda trazia a pop Danger Zone por Kenny Loggins (talvez a canção mais associada ao filme de Scott) e o rock instrumental Top Gun Anthem, composto por Harold Faltermeyer & Steve Stevens para servir de tema geral da película (mas que acabou se tornando também música de fundo para qualquer reportagem de televisão sobre aviação dali em diante). Para ver em slow motion enquanto você vira e diz o que é preciso.

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The Wall (1979), de Pink Floyd


Numa época não tão longínqua assim, álbuns musicais eram o cerne do cenário fonográfico. Shows, clipes e outras variações na forma de ouvir/consumir música eram relevantes, mas não possuíam o peso de um disco (long play, fita k7 ou, mais recentemente, cd) composto tendo sobre si o peso de um conceito. Diferente das coletâneas, os álbuns conceituais quase sempre traziam uma ideia unificada concatenando os diversos elementos das canções. Ainda assim, claro, era possível falar de amor e política, de tristeza e de educação, de guerra e de solidão. Em The Wall, décimo primeiro álbum de estúdio da banda britânica de rock Pink Floyd, são justamente as barreiras e os muros que ligam uma experiência pessoal e mundana. Muros mentais estão lá com Nobody Home: a casa vazia de quem não atende ao telefone em contraparte ao desespero solitário do autor. Muros da repressão que não deixam crianças em paz nas três partes de Another Brick in the Wall: professores despejando escárnio porque os alunos não precisam desse tipo de educação. Muros fronteiriços que entorpecem a visão do horizonte com Comfortably Numb: o navio distante (ou apenas a sua fumaça) num vislumbre passageiro de quem deixou-se crescer sem dar por isso. Lançado em 1979, The Wall nunca perdeu o vigor tanto pela virtuose de seus músicos, quanto pela sensação de permanência dos problemas ancestrais da sociedade. Porque desde sempre há os donos do muro e aqueles que são apenas outros tijolos.

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