De Colombo à Colômbia


Em 03 de Agosto de 1492, Cristóvão Colombo partiu com três caravelas (Santa Maria, Pinta e Nina) do porto de Palos, na Espanha, com a disposição de descobrir uma rota alternativa para as Índias. Como não soubesse da existência do continente americano, Colombo navegou por dois meses pelo Oceano Atlântico até que, em 12 de outubro daquele mesmo ano, um tiro de canhão da caravela Pinta anunciou sinais de terra. Que erro Colombo cometeu Colombo ao achar que encontrara as Índias, chamando os habitantes daquela terra de índios! Alguns querem crer que o navegador genovês morreu sem saber que aquelas terras não eram pertencentes às Índias. Todavia, este fato parece pouco provável, pois Colombo não deveria ser tão ingênuo assim.

Avançamos no tempo e damos com as ditas colonizações nas Américas. Portugal e Espanha exploraram tanto quanto lhes foi possível as partes centrais e latinas do chamado novo continente. Os países que compõem atualmente a América Latina foram colônias portuguesas e espanholas por muitos e muitos anos. Esta colonização era clara exploração comercial, e os países latinos (quando ainda nem mesmo eram países) tornavam-se extremamente dependentes das economia europeias. Eis que o resultado disso foi um sub-continente pouco desenvolvido e com graves problemas sociais.

Na Colômbia, os primeiros espanhóis que pisaram nestes solos foram Alonso de Ojeda e João da Costa. Antes, porém, o território era ocupado por algumas tribos que alcançaram um alto nível de desenvolvimento, tendo como grupo mais importante os “muiscas”, na alta Cordilheira Oriental. Depois de Alonso e João, numerosas expedições pelo litoral do país foram se sucedendo. Já no final do século XVIII, temos a grande tormenta para os europeus com a onda dos movimentos pela independência do país. Após uma primeira tentativa que mostrou-se inválida, Simon Bolivar, em companhia de Francisco de Paula Santander e José Antonio Anzoatequi, reuniu um novo exercito e liberaram a Venezuela do antigo reinado chamado Nova Granada (Colômbia, Venezuela, Panamá e Equador).

Com a expulsão dos espanhóis, foi celebrado em Angostura (Venezuela), em 1819, um congresso revolucionário que proclamou a Grande Colômbia. O Estado criado por Simon Bolivar dividia os países em três regiões: Cundinamarca (Colômbia e Panamá), Venezuela e Equador. Em 1829, a Venezuela deixou a Grande Colômbia e em 1831 foi a vez do Equador. Ajudado pelos Estados Unidos, o Panamá obteve sua independência em 1910 e a Colômbia ganhou seu traçado e suas fronteiras atuais.

Cristóvão Colombo, do além, sorri com um ar preocupado.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 25/04/2013.

Encontro na Taberna Hamms


Esta é uma história de detetives, mas não envolve nenhum tipo de crime ou mistério. É pura e simplesmente um encontro entre dois gênios da mesma arte de Sherlock Holmes e C. Auguste Dupin.

Aconteceu em Paris, a cidade que além de ser uma festa é sempre um bom cenário para qualquer história. Ali mesmo, entre uma ou outra esquina de Montmartre, o famoso bairro boêmio da Cidade Luz, ficava uma pequena taberna. O local era esfumaçado, é claro, mas só para o enredo ter aquele clima noir. Foi ao pedir a segunda taça de um cabernet 1935 que Domingos Tertuliano Tive, o Detetive de Florianópolis, percebeu sentado à mesa do bar um velho amigo. Ajeitou seu anel de platina no dedo mindinho, aquele mesmo que conserva a unha comprida feito uma lâmina, colocou o chapéu na cabeça e levantou-se de encontro ao também Detetive Sam Spade.

– Fiquei em dúvida se era mesmo você, mas quando vi esta estátua de um falcão maltês sobre a mesa não perdi tempo em vir lhe cumprimentar, revelou D. T. Tive.

– Mas que surpresa! Há tempos que não conversávamos, desde aquela ajuda que você me pediu no caso dos dólares de Chapecó, lembrou Spade.

Evidentemente, a conversa se deu em francês, único idioma que os dois conheciam e que aprenderam num curso por correspondência, mas aqui traduzimos para ficar mais claro.

– Pois não lhe contei das novas: sou um homem casado.

– Muito bom, Tive. Diria mais: isto é piramidal!

– Exato, é o mesmo que diz minha secretária… quer dizer, minha mulher Ivete. Viemos para cá em lua de mal, gastar um pouco do que eu ganhei quando solucionei o caso de Chapecó. Aliás, como lucrei com sua ajuda naquela oportunidade, deixe-me pagar sua próxima bebida, apesar de que você parece já ter bebido em demasia.

– É verdade. Não consigo esquecer aquela mulher. Brigid O’Shaughnessy. Ela e este maldito falcão levaram meu sócio Archer à morte.

– E presumo que ele nunca mais saiu desse lugar.

– Exato, Tive. Você é sempre preciso. Vai direto ao assunto como uma crônica de jornal. Sabe, acho que somos personagens de nossas próprias histórias, mesmo que isso seja óbvio ou oblíquo.

– Por isso deixou São Francisco?

– Sim. Deixamos.

– Ah, então veio acompanhado. Uma mulher? Não vá me dizer que também se apaixonou por sua secretária?

– Não, nada disso. Viemos eu e esta relíquia macabra em forma de falcão que a polícia me deixou guardar como souvenir.

– É meu amigo, você precisa de mais bebida. Garçom, por favor, traga outra taça de alguma substância de que são feitos os sonhos.

Ivete teve de buscar Tive às seis da manhã na Taberna, porque ela ainda queria visitar o Louvre antes de voltar para Florianópolis.

> Crônica publicada no Jornal Notícias do Dia em 11/04/2013.